sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Sistemas Educativos Europeus

Ao longo do meu processo de pesquisa individual, visando uma melhor compreensão do conceito de sistema educativo e dos sistemas educativos no quadro europeu, deparei-me com uma dissertação de mestrado que considerei deveras interessante.




Efetivamente, a Finlândia surge, regra geral, como exemplo a seguir pela qualidade do seu sistema educativo, espelhada nos resultados do PISA. Se a "receita" fosse fácil de seguir, seria simples... era só copiar! Mas não é. Os resultados de um sistema educativo não dependem apenas das escolas, nem dos intervenientes no processo de aprendizagem:

While the education system is responsible for giving students the opportunities for educational achievement, other government policies also need to be aligned to ensure student success.(1)

Tal como referido no documento New Vision for Education: Unlocking the Potential of Technology do WEFUSA, o contexto interessa! Existem fatores que condicionam os resultados, tais como problemas económicos e sociais. Será esse o problema português?

Segundo Ramos, C (2007), a resposta é não! Na verdade, de acordo com o autor, os "fatores bloqueadores do sistema" são outros bem diferentes:

O sistema educativo português vem sistematicamente bem classificado nas tabelas internacionais no que ao investimento per capita diz respeito, mas a situação muda por completo quando o critério de classificação diz respeito aos resultados. O problema não parece residir na falta de recursos financeiros, mas sim ao nível da organização, onde problemas como a falta de estabilidade dos programas e dos corpos docentes, a escassa participação das famílias, entre outros, actuam como factores bloqueadores do sistema. Neste momento parece existir uma fractura entre a sociedade e o sistema educativo, devida em grande parte aos fracassos evidentes dos sucessivos ensaios de novas soluções e ao cansaço e descrédito público daí resultante.(2)

Uma análise da tabela 5 do documento do WEFUSA torna claro o longo caminho que ainda temos de percorrer no que diz respeito ao desenvolvimento das competências do século XXI, sobretudo em comparação com a Finlândia. Como poderemos fazê-lo? Fica para uma reflexão posterior!


(1) OECD (2012), Equity and Quality in Education: Supporting Disadvantaged Students and Schools, OECD Publishing. http://dx.doi.org/10.1787/9789264130852-en
(2) Aspetos Contextuais dos Sistemas Educativos, Ramos, C. (2007)

2 comentários:

  1. Olá, Sílvia! Concordo contigo, é muito interessante a abordagem que se faz nesta dissertação, ao sistema educativo português. O problema reside na fratura entre a sociedade e o sistema educativo, mas também entre os atores do sistema educativo. Há ainda muito conservadorismo e resistência face à inovaçao e mudança. Urge mudar as mentalidades. F.Isabel Pereira

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  2. Sem dúvida, Fernanda! Nada se muda por decreto, como se costuma dizer! É preciso que os principais atores envolvidos reflitam sobre onde estão, para onde querem ir e como lá chegar. É preciso que sintam necessidade, vontade e desejo de mudança!

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