quarta-feira, 20 de novembro de 2019

"A arte suprema do professor!"

A partilha por colegas de uma conferência de Howard Gardner, autor da teoria das inteligências múltiplas, e da mensagem conjunta da Diretora-Geral da UNESCO, do Diretor-Geral da OIT, da Diretora-Geral da UNICEF, do Administrador do PNUD e do Secretário-Geral da Internacional da Educação por ocasião do Dia Mundial do Professor, conduziram-me numa reflexão sinuosa que envolveu uma multiplicidade de questões que não são de resposta fácil.

"A arte suprema do professor consiste em despertar o entusiasmo pela expressão criativa e pelo conhecimento", assim começa a mensagem conjunta, citando Einstein, um génio que já no século XIX contestava a aprendizagem "mecânica", afirmando que o espírito do conhecimento e o pensamento criativo haviam sido descartados pelo sistema educativo. Mais uma vez, esta afirmação leva ao papel do professor enquanto motivador, promotor e facilitador do processo de aprendizagem.

Os alunos, contudo, não aprendem todos da mesma forma. Isto é uma verdade indiscutível. Todos os professores a reconhecem pela experiência empírica que vivenciam diariamente e muitos, por certo, sentem-na como o maior desafio da sala de aula. A diferenciação pedagógica não é uma tarefa fácil para um professor sozinho com uma turma de 30 alunos e em que cada um deles, citando Gardner na sua conferência, pede: "Professor, ensine-me de uma forma que eu consiga aprender". 

Ouvir o discurso de Gardner é mergulhar num mundo de inquietações: A pluralização da educação, o ensinar de forma a que cada aluno consiga aprender, a necessidade de encontrar respostas/estratégias/métodos que se adequem a cada perfil, que é único e diferente dos restantes. E querer fazê-lo. E, muitas vezes, não saber bem como... Depois a definição de "trabalhador qualificado" e a inevitável interrogação: onde estou a falhar? Na ética? Na excelência? No envolvimento? E, para rematar, a questão do professor enquanto modelo. O professor enquanto possuidor de todas as mentes que integram um cidadão pleno, integral, holístico, e que deverá inspirar as crianças e os jovens no percurso para, também eles, o serem. Verdades indubitáveis, desafios desmedidos, responsabilidades colossais!

A tecnologia pode ser um poderoso aliado nesta demanda, mas por si só de pouco vale. Na mensagem conjunta supracitada, os autores afirmam: "Os media e as novas tecnologias devem ser instrumentalizados para elevar a profissão docente e demonstrar a sua importância para os direitos humanos, para a justiça social e para as alterações climáticas." Facto. Contudo, é fundamental que exista uma reflexão analítica sobre as suas potencialidades. É preciso saber o que utilizar, quando e como, para que essas ferramentas se possam constituir verdadeira, efetiva e eficazmente como instrumentos de mudança, garantindo que uma "educação de qualidade, inclusiva e equitativa e a promoção de oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos" se tornem uma realidade universal. (...).




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