Se, por um lado, temos cada vez mais crianças e jovens nas escolas portuguesas (a consulta do PORDATA facilmente nos permite chegar a essa conclusão) e o investimento per capita em Portugal surge bem classificado nas tabelas internacionais, por outro lado verifica-se que os resultados obtidos ficam aquém do expectável. Então... o que está a falhar?
De acordo como Ramos, C. (2007), o problema reside na organização, "onde problemas como a falta de estabilidade dos programas e dos corpos docentes, a escassa participação das famílias, entre outros, actuam como factores bloqueadores do sistema." Verifica-se, atualmente, aquilo a que o autor se refere como uma "situação de fratura", um "divórcio" não só entre a sociedade e o sistema educativo, mas também entre este e alguns dos seus principais atores, como é o caso dos professores.
É um facto que as acusações se sucedem... alunos e pais a professores; professores a alunos e pais; pais às direções das escolas; professores ao Ministério, num interminável "jogo da corda" a qual, prevê-se, rebentará em breve. Como que se de adversários se tratasse, na luta solitária e sem tréguas por um objetivo que, no fim de contas, é comum: mais e melhores aprendizagens para as nossas crianças e jovens.
Como nos diz Antoine de Saint-Exupéry, "As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes." Urge, assim, derrubar muros! Urge, assim, construir pontes! Urge reconhecer a simbiose entre os vários intervenientes no processo educativo, legitimar e dignificar o papel e a importância de cada um com vista à construção de um sistema educativo verdadeiramente de qualidade. Tal como nos diz Ramos:
Sem a sociedade e sem os professores, o sistema educativo não conseguirá superar este enorme desafio que tem pela frente. O primeiro passo passará por considerar que todos os actores no processo educacional são importantes, pois só assim se conseguirá o envolvimento de todos. E, como em qualquer processo de mudança, se não houver a participação e envolvimento de todos os intervenientes, a mudança estará condenada ao fracasso. Este será, porventura, o maior desafio que se coloca actualmente ao sistema educativo português.

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